Benditos males do amor! Já me saciei, incansavelmente,
desfrutando de suas falsas promessas. Faço isso apenas para prosseguir. Faço
por não esperar verdades perpétuas.
Qual será a hora em que saberei estar curado? Acredito que, de tantas já pensadas, a hipótese mais adequada é que nunca estarei hígido, ou então nunca adoeci.
Ou ainda, o fato de curar deve estar diretamente ligado à aceitação de que a vida, coerentemente, irá me negar o deleite de desejos intensos e momentâneos. A alegria fantasiada de fugacidade.
Cada janela que se fecha, traz consigo a incontestável sina da aproximação. A sina daquela porta escancarada, que dá acesso ao próximo jardim encantado - não há de ser o primeiro; não há de ser o último-, onde despreocupado adentrarei, e aprenderei a cultivar novas flores, em novas estações.
Tão mais belas. Tão mais vivas.